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A recente polêmica criada pelo prefeito do Rio, Marcelo Crivella, sobre o corte de 50% na verba municipal para a Liga das Escolas de Samba (Liesa), traz à tona, mais uma vez, a discussão sobre subvenções públicas para lucros privados. O assunto já foi há muito tempo debatido pelo Ministério Público Estadual, em função da prestação de contas dessas subvenções, haja vista tratar-se de recursos públicos.

O carnaval – a festa popular que já foi alcunhada como: “O carnaval é ópio do povo”, em analogia à frase de Karl Marx de que “A religião é o ópio do povo”, – transformou-se em muito mais do que a festa popular, transformou-se em um grande evento que atrai negócios, empregos e faz com que a economia carioca cresça, tão importante neste momento de crise. São mais de R$ 3 bilhões movimentados, estimativa de 250 mil empregos gerados na cadeia produtiva do carnaval. Com isso, a própria prefeitura e as demais esferas de governo também arrecadam seus impostos. A prefeitura, além da subvenção, disponibiliza o próprio local do evento, o Sambódromo, e coloca todo o seu aparato para a sua realização.

Cabe destacar que o carnaval não se resume às escolas de samba. Os blocos de rua são outras atividades da festa que envolvem milhares e milhares de turistas, sem, contudo, receberem o mesmo nível de incentivo destinado às escolas de samba. O carnaval de rua do Rio de Janeiro também vem tendo possibilidade de faturar com o negócio. A prefeitura, por vezes, coloca os enfeites da cidade com patrocínio de empresas, essas mesmas empresas podem ser as patrocinadoras dos blocos carnavalescos.

O patrocínio no sambódromo pode ser efetuado pelas empresas que lá também anunciam – acrescido de direitos de transmissão, de patrocínio no próprio desfile, que até hoje não é permitido – tornando o negócio carnaval autossustentável. Para se ter uma ideia, neste ano de 2017, só uma cervejaria, a Itaipava, investiu R$ 15 milhões no Rio de Janeiro.

Obviamente que a retirada ou a redução da subvenção da prefeitura significa que outros entes privados terão que contribuir com mais recursos, como as empresas que anunciam, a TV que transmite o desfile etc. Por isso, todos, por razões óbvias, têm se manifestado contra. Estamos falando de R$ 26 milhões, valor que seria repassado, mas que o prefeito quer alocar metade em creches.

Outro ponto polêmico é saber se a crença religiosa do prefeito influenciou, de alguma forma, na decisão do corte. O governo deve ser laico, sem interferências religiosas, portanto, não pode o prefeito alterar uma tradição cultural com essa motivação.

Entendo que compete ao Poder Público investir em festas populares para que a alegria do povo se faça presente. Investir significa prover a festa de infraestrutura necessária, segurança e, quando necessário, recursos, pela incapacidade de arrecadação dos protagonistas do evento/espetáculo. O que não me parece ser o caso das escolas de samba.

Como disse Júlio Ribeiro em seu livro Fazer Acontecer: “A escola de samba é a melhor empresa do mundo”, você reúne em torno de 5 mil pessoas, trabalhando num espaço relativamente pequeno, por um curto período, todos atuando com afinco e determinação, alegres, apaixonados e sincronizados, de graça, e muitos ainda pagam por isso.

Então, vamos lá fazer acontecer, ao invés de ficar nas tetas do Poder Público.

Showing 5 comments
  • Marcelo
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    Muito bom.
    Diria também que temos que ficar de olho e fiscalizar o dinheiro que não for investido no carnaval. Será que realmente vai para as creches municipais como tem dito o prefeito?

  • Lino Marinho
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    Concordo com com você, reduzir a verba das escolas de uma festa que trás turistas e lucros para varios setores citando como exemplo o setor hoteleiro, só nos faz pensar em ser uma decisão e religiosa.
    Ao invés disso porque não começa a reduzir os gastos absurdos partIndo dos próprios políticos?
    Auxilio disso e daquilo, combustível, motoristas.
    Se nós que pagamos impostos e mais impostos se vamos para o trabalho pagando nossa próprio combustível ou outro meio de transporte porque eles não fazem o mesmo? Não seria uma economia e tanto para o nosso Estado e Prefeitura? Seria uma bela demonstração de amor ao nosso Rio de Janeiro é um belo exemplo para o nosso País e o mundo.

  • NILSON ROSA LUZ
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    O PREFEITO NÃO ESTA TOTALMENTE CERTO EM CORTAR A METADE, ELE TINHA QUE CORTAR TUDO,E MANDAR TODO O DINHEIRO PARA AS CRIANÇAS,POIS QUEM QUER CARNAVAL QUE CORRA ATRÁS DE RECURSOS, POIS DINHEIRO PUBLICO NÃO É PRA FAZER FESTA, SE ESTA FALTANDO RECURSO , TEM QUE CORTAR.

  • Cristiane S.Lopez
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    Já que o carnaval è tão rentável mais um motivo para que as escolas busquem suas auto gestões . È muito fácil fazer a “festa” com dinheiro do governo . Acho que como todos os presidentes de escolas falam que sao profissionais , esse melhor momento para mostrar . Em ano com orçamentos reduzidos è correto essa redução no patrocínio das escolas .

  • Betto
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    Só acho q o prefeito não esta sendo profissional em relação a isso , pq sua religião não pode interferir em nada , pq qnd ele nos pediu votos ele não ganhou votos só de evangelho e sim de todas as religiões, concorda pois então ,eu só acho q todos nos q votamos nele temos q ir pras ruas e qrer q o nosso carnaval aconteça .

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