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A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) avalia, periodicamente, a qualidade dos programas de pós-graduação stricto sensu existentes no país, que já passam dos 4 mil. São os mestrados acadêmicos, os mestrados profissionais e doutorados.

Instituições de renome, como a USP, tiveram cursos descredenciados. Na primeira etapa da avaliação, a recomendação era de descredenciamentos de 119, mas, após pedido de reconsideração, apenas 43 receberam a recomendação definitiva.

A notícia dá a primeira impressão de que estamos indo mal neste quesito, mas também existe o aspecto positivo, como crescimento expressivo de 2013 para 2017 em relação ao quantitativo de cursos.  Em 2013, eram 2.893 cursos de mestrado acadêmico. Em 2017, o número havia subido para 3.398. Os cursos de doutorado passaram de 1.792 para 2.202. Já os mestrados profissionais quase dobraram, eram 397 em 2013 e chegaram a 703 no ano passado.

No caso específico do Rio de Janeiro, era de se imaginar que a Uerj entrasse na lista das instituições com notas ruins, afinal, 2017 foi o pior ano da história dessa instituição tradicional da capital carioca com professores sem receber salários. Mas isso não aconteceu, graças à resistência de abnegados profissionais que continuaram fazendo seu trabalho com dedicação e qualidade.

Na prática, quando a Capes recomenda o descredenciamento, os cursos perdem a validade nacional dos seus diplomas para os novos alunos, ou seja, o programa será fechado, pois apenas os alunos que estejam cursando o programa terão o diploma validado. O lado bom é saber que apenas instituições de qualidade mantém seus programas de pós-graduação stricto sensu. O lado negativo é para os alunos que pretendiam entrar nessas instituições e para aquelas que têm ou ainda terão o diploma de um mestrado ou doutorado que foi descredenciado. Em se tratando de Brasil, antes uma avaliação dura do que nenhuma.

Manter o bom nível das instituições de ensino com programas de mestrado e doutorado stricto sensu é vital para que sejam formados professores de qualidade para renovarem os quadros das instituições renomadas e consequentemente formar melhor os alunos.

Lembro-me, em 2008, assim que Barack Obama assumiu a presidência dos EUA, uma das suas preocupações era em retomar o protagonismo americano na área de ciência e tecnologia, pois ele entendia que quem detém o conhecimento será o líder nesse mundo de tecnologia e descoberta do ser humano. Daí a determinação de voltar a investir em pesquisas.

No Brasil, apesar de entender que existem necessidades prementes, não vislumbro comprometimento por parte dos governos com a educação, pesquisa e conhecimento humano. Basta lembrarmos da recente modificação do currículo das escolas no ensino médio que entrará em vigor em 2021. Com a unificação de disciplinas, torna o ensino mais genérico e parte dos temas importantes que fazem os jovens pensar ficará sem aprofundamento. Isso atingirá principalmente os jovens menos favorecidos, que não poderão recorrer a outro tipo de ensino complementar.Não precisamos só de técnicos, precisamos também de cientistas, de pessoas que possam ajudar no desenvolvimento humano.

Showing 10 comments
  • Marcos carneiro
    Responder

    Nelson,fico surpreso com a quantidade de cursos de mestrado:3398?Num.pais onde a grande maioria da população não entende o que lê temos tanta gente assim a ser mestre?Qual a produção pratica desse povo.O que vejo são cortes/cola de textos ja produzidos,com quase nenhum efeito prático.O.mestrado substituiu a licenciatura,me parece.

    • Nelson Rocha
      Responder

      Marcos,
      Houve um aumento do número de cursos, mas para o tamanho do Brasil ainda é necessário mais. É verdade que ainda há muito por fazer para o ensino fundamental e médio, é verdade que a qualidade do ensino fundamental público é muito baixa. Mas isso não significa que devamos abstrair a necessidade de qualificarmos o ensino superior e de pós-graduação, pois assim é que melhoraremos a qualidade da base.

      Vou escrever um outro artigo sobre a base nacional curricular que o governo vai colocar no ar a partir de 2021. O equívoco histórico dessa medida.

      Forte Abraço

  • Marcos carneiro
    Responder

    Nelson,fico surpreso com a quantidade de cursos de mestrado:3398?Num.pais onde a grande maioria da população não entende o que lê temos tanta gente assim a ser mestre?Qual a produção pratica desse povo.O que vejo são cortes/cola de textos ja produzidos,com quase nenhum efeito prático.O.mestrado substituiu a licenciatura,me parece.

    • Nelson Rocha
      Responder

      Marcos,
      Houve um aumento do número de cursos, mas para o tamanho do Brasil ainda é necessário mais. É verdade que ainda há muito por fazer para o ensino fundamental e médio, é verdade que a qualidade do ensino fundamental público é muito baixa. Mas isso não significa que devamos abstrair a necessidade de qualificarmos o ensino superior e de pós-graduação, pois assim é que melhoraremos a qualidade da base.

      Vou escrever um outro artigo sobre a base nacional curricular que o governo vai colocar no ar a partir de 2021. O equívoco histórico dessa medida.

      Forte Abraço

  • Luís Fernando Lima
    Responder

    Muito bom artigo. Com foco na educação de qualidade é que poderemos melhorar a qualidade de vida dos brasileiros. Parabéns.

    • Nelson Rocha
      Responder

      Obrigado Luis !!!

      A educação é a chave de um país melhor.

      Forte Abraço

  • Maria Elisa
    Responder

    Não dá para ter esperança num país que não dá prioridade ao processo educacional… Lamentável

  • LEONARDO FIDELIS
    Responder

    Nelson, acredito que o problema da educação no Brasil, vem da base das series inicias, onde a aprovação sem a devida condição de seguir para um novo ciclo. O fortalecimento da educação básica contribuirá para o fortalecimento de nossa educação como um todo. É um processo demorado, só que o tempo é curto e não vemos soluções imediatas. O que parece é que os políticos, preferem uma clientela que não questione, que não pense, não lute pelos seus ideais. Na educação superior não deve ser diferente, os critérios para abertura de novos cursos devem ser rígidos, visando sempre a elevação do ensino da qualidade e não somente o crescimento do numero de cursos, de que adianta ter muitos cursos se a qualidade cair.
    Forte abraço.

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