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Estava sem escrever há pelo menos dois meses, mais por falta de vontade de comentar sobre as desilusões com o nosso país do que outra coisa. Precisava me revigorar para, sob a caneta ou o teclado afiado, voltar a comentar o cotidiano do Brasil, que muitas vezes mais parece um palco de comédia dramática, uma “dramédia”, do que outra coisa.

Volto no momento em que o país se paralisa por causa de uma greve ou um lock-out. Ninguém sabe direito quem organizou o movimento, mas que, de um jeito ou de outro, deixou o governo com as calças na mão, sem saber o que fazer, atordoado. O presidente da Petrobrás, que não arredava o pé da política desastrosa de preços, teve que ceder. O ministro da secretaria de governo, como sempre, aonde tinha um flash, lá estava ele, para dar entrevistas em nome do governo, com argumentos desencontrados. O presidente da República, achando que ainda poderia ser candidato, desistiu de vez. Alguns outros ministros do governo sumiram.

A população revoltada com a política e os políticos apoiou o movimento, mesmo sendo prejudicada com a falta de combustível e a escassez de produtos. Parece incrível, e é.

Em uma semana, o país virou o caos, sem transporte, sem alimentos, sem produtos, sem governo, tudo isso em função de uma greve de caminhoneiros.

Daí pus-me a pensar sobre os setores estratégicos do Brasil. Um governo sem legitimidade, que não consegue sequer estar preparado para articular alternativas no caso de uma situação como a que aconteceu, em que o povo ficou refém da situação. A maioria do congresso de fantoches controlados por esse governo quer tomar decisões sobre setores estratégicos, como a privatização da Eletrobrás, empresa estratégica do setor de energia por conta das grandes geradoras que são controladas por ela. Enquanto isso, EUA e China tratam a questão de geração de energia como soberania nacional exatamente pela importância estratégica que tem.

Um país em que abdica de sua soberania, que é capaz de conceder isenções tributárias de 1 trilhão de reais até 2040, para empresas da indústria estrangeira do petróleo (MP do Trilhão), enquanto trata a sua principal empresa (Petrobrás) sem considerar a sua importância estratégica para o país. Se houve problemas de corrupção na empresa, que se punam os culpados com rigor, mas não podemos deixar que utilizem isso para dilapidar o patrimônio do povo brasileiro.

Precisamos parar de ter administradores amadores e considero amadores também aqueles que só veem o mercado na sua frente. Precisamos de gestores com capacidade técnica e com visão estratégica de país.

Não pode ser uma discussão de esquerda ou direita, trata-se de soberania e estratégia nacional, ou podemos nos deparar com uma situação muito mais complexa do que a que vivemos nesses últimos dias com o desabastecimento.

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