Área Pública, Área Pública, Artigos, Contabilidade, Contabilidade, Economia, Economia, Mídia, NEWS, Política

Quando a internet surgiu, nos empolgamos, todos nós, ou quase todos. Passamos a conviver com o Google – que muitos chamam de oráculo – que nos facilita a pesquisa sobre qualquer coisa no mundo. Basta escrever o que precisamos achar e ele encontra. Depois veio o Facebook, com seu objetivo de conectar pessoas. Muitas outras ferramentas foram surgindo e hoje temos WhatsApp, Instagram etc. entre muitas outras redes sociais à disposição.

No início, tínhamos a ilusão de que isso era democracia direta, igualdade de acesso a informações e por aí vai. Em um certo sentido, isso é verdade, pois uma pessoa com acesso à internet, mas que não consegue comprar jornais, revistas ou pagar TV a cabo, passou a ter a possibilidade de saber o que acontece no mundo pela internet, pois todos os canais de notícia passaram a usar essa tecnologia e marcar sua presença na www.

O que não percebemos por um bom tempo – e muita gente não prestou atenção nisso ainda – foi que essa liberdade e essa gratuidade tem um preço alto. Não foi à toa que Mark Zuckerberg e seu Facebook foram colocados contra a parede no escândalo mais recente sobre os aplicativos atrelados ao seu sistema que pegam os dados dos usuários e fazem o que querem com essas informações.

As grandes empresas da internet facilitaram o acesso, conseguiram nossos dados para depois “vende-los”. Nos acostumamos a usar tanta tecnologia, nos viciamos e não conseguimos mais abrir mão, por isso, muitas vezes, permitimos maior acesso aos nossos dados ou compramos, por exemplo, uma ferramenta mais completa porque a versão gratuita restringiu recursos ou seria descontinuada. O Office da Microsoft é um ótimo exemplo disso. Quem não tem ou nunca usou o Word, Excel ou Power Point?

Mas existe uma questão ainda mais grave que a maioria não percebe e que foi levantada pelo historiador Yuval Noah Harari, de que existe um risco intrínseco para a democracia, pois a revolução em tecnologia da informação fará com que ditaduras sejam mais eficientes do que as democracias.  Já um dos pioneiros do Vale do Silício, Jaron Lanier, alerta que o que começou como propaganda não pode mais ser chamada assim. Hoje são impérios de modificação de comportamento, uma tragédia global nascida de um gigantesco erro.

Como saber se o que aparece nas nossas pesquisas no Google ou no feed de notícias do Facebook são orgânicas – que levam em consideração o perfil de cada um – ou pagas? E como isso se reflete em nosso comportamento quando gigantes da tecnologia usam os famosos algoritmos para decidir e definir os resultados das nossas buscas ou com quem devemos nos relacionar com maior frequência nas redes sociais.

Não podemos deixar para discutir esse tipo de questão no futuro, pois estamos sendo atropelados no presente. Onde vai parar nosso poder de decisão ou de escolha? O que nossos descendentes vão dizer quando olharem para trás, buscando entender o presente deles, e perceberem que não fizemos nada? Que apenas nos deixamos levar por quem detém o poder de criar os tais “impérios de modificação de comportamento”.

No passado, inclusive no recente, a pecha de querer impingir um determinado tipo de comportamento era dos governos de forma geral. Era mais fácil detectar essa estratégia ou mera vontade. Agora, tão viciados e até certo ponto escravizados pela tecnologia, sequer sabemos quem está por trás dos algoritmos e para quem nossos dados são vendidos e de que forma são utilizados.

“Não existe almoço grátis”! Assim como não existe gratuidade na internet.

Showing 9 comments
  • Maria Elisa
    Responder

    Concordo plenamente com a sua análise. Nada é de graça nessa vida… Não consigo imaginar a confusão que viveremos nos próximos meses com a eleição. Será um bombardeio louco de informações irresponsáveis …

    • Nelson Rocha
      Responder

      Pois é, Maria Elisa. As empresas da internet que encantavam serpentes, hoje as usam para atacar quem pagou para ver.
      Beijos

  • Luís Fernando
    Responder

    Muito bom tema Nelson Rocha. Antes devíamos nos preocupar com os grupos de informação compostos por grandes empresas, que controlavam Rádios, TVs, Jornais Impressos, Revistas, …, todavia; hoje há um vazio de credibilidade nas instituições que controlam mundialmente as informações. Vejo a democracia real seriamente ameaçada como nunca esteve. Urge abordarmos este tema no parlamento e na ONU.

    • Nelson Rocha
      Responder

      Obrigado, Luís Fernando !!!

      A discussão está posta no mundo, haja vista o escândalo do facebook. A grande preocupação é que a internet é terra de ninguém e cada um escreve o que quer, como fake news.

      Enfim, o futuro é incerto.

      Forte Abraço

  • Dejair Orcai
    Responder

    Uma história verdadeira e muito bem colocada, vale a pena ler e refletir

  • Dejair Orcai
    Responder

    Uma história verdadeira e muito bem colocada, vale a pena ler e refletir, até mesmo para enviar o comentário tem que mandar o seu cadastro

  • Marcos carneiro
    Responder

    Muito oportuno e sensato.Realmente o maior problema das redes sociais é seu uso em massa para disseminar contra-informações recheadas de imagens e videos fakes,tão perfeitos,que parecem realidade.E as ditaduras sabem usar isso melhor que as democracias.

O que você achou ? Comente ....