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É indiscutível a importância da educação, sob vários aspectos, embora a maior parte da população pense em educação como forma de conquistar um título que profissionalmente lhe permita alçar voo rumo ao conforto da modernidade.

Mas quero abordar a educação de outro ponto de vista, usando uma frase cunhada por Helen Adams Keller, escritora, conferencista e ativista social americana. Ela foi a primeira pessoa surdacega a conquistar um bacharelado e disse: “o resultado mais sublime da educação é a tolerância”.

O tema do artigo não é sobre educação – exceto sob o aspecto da falta que faz à humanidade em geral -, mas sobre a intolerância que vivemos atualmente. Não importa a corrente ideológica, o time de futebol ou a preferência política. O que temos de todos os lados é a falta de tolerância. Desde o xingamento no trânsito, o empurra-empurra para entrar no transporte coletivo, até o absurdo de se jogar uma imagem religiosa no chão em desrespeito à crença do outro.

Não fosse esse tipo de situação suficiente para exemplificar a intolerância, vemos, cotidianamente, fatos em que a violência salta aos olhos, com a morte de pessoas porque alguém ou alguns não concordam com a opinião e atitudes de outro ser humano, com afronta aos direitos humanos.

“Direitos humanos” não é uma ideologia, são regras, tratados internacionais de preservação da dignidade humana – basta ler a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 -, dos quais o Brasil é signatário, existindo leis brasileiras também para garanti-los. Direitos humanos não são apenas para quem cometeu crime, como muitos querem fazer acreditar, são para todos, inclusive para quem errou e precisa ser punido. O que acabamos vendo é a distorção do conceito e o ódio que aflora na defesa de ações de retaliação, quase sempre da mesma forma criminosas.

Por que o tema direitos humanos sempre só é exteriorizado nas minorias? Exatamente porque as minorias são mais vulneráveis socialmente e mais sujeitas à quebra das regras dos direitos mínimos assegurados a qualquer ser humano.

Os direitos humanos sempre foram uma pauta da esquerda, mas isso não significa que sejam exclusividade da esquerda, todos são detentores dos mesmos direitos. O objetivo aqui não é tomar partido, mas levantar questões, não existe um morto de esquerda ou um morto de direita, existe um ser humano morto.

Só posso entender que Helen Keller nos dá a resposta para mudar o cenário atual. Precisamos investir muito em educação e construir cidadãos que saibam conviver com as diferenças, pois a liberdade, a democracia, o direito a ter opiniões divergentes, tudo isso são conquistas e devem ser preservadas.

O que precisamos é que muitas das causas de Marielle Franco deixem de existir porque seu legado funcionou e evoluímos individual e coletivamente, transformando o mundo em um lugar de pessoas tolerantes, onde as diferenças sejam aceitáveis e que as discordâncias em relação à forma como enxergam a vida sejam mitigadas por meio do debate e não da morte.

 

Showing 16 comments
  • RENATA R S JORGE
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    Uma texto que condiz com a nossa realidade de hoje! Sábias palavras Nelson!

    • Nelson Rocha
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      Obrigado, Renata !!!

      Infelizmente, a intolerância se faz presente no dia a dia do povo brasileiro.

      Beijos

  • Marcelo
    Responder

    Excelente texto e de acordo! A palavra educação, assim com a palavra amor representa muitas coisas boas e sem elas há um hiato gigantesco na vida.
    A educação deve ser prioridade número 1 de qualquer governo que deseja sempre o melhor para o povo a qualquer tempo.

    • Nelson Rocha
      Responder

      Obrigado, Marcelo !!

      A educação é a base de qualquer sociedade desenvolvida.

      Forte Abraço

  • Roberto Aroso
    Responder

    Excelente abordagem.
    Voltaire já dizia defendendo a democracia : “Não concordo com uma só palavra que dizeis mas defenderei até a morte vosso direito de dizê-las”

    • Nelson Rocha
      Responder

      Obrigado, Aroso !!

      A democracia exige o respeito às diferenças, mas só conquistaremos a plenitude da aceitação com a educação.

      Forte Abraço

  • Luiz Thiago
    Responder

    Excelente texto, Nelson!

    Os direitos humanos devem ser amplamente divulgados e entendidos como lei garantidora da dignidade humana e não ideologia. É impressionante como, através de informações enviesadas, o conceito de direitos humanos é totalmente distorcido, como se fosse uma lógica ou comportamento esquerdista. Sem tolerância e respeito não há diálogo, convivência e evolução social.

    Parabéns pelo texto! Forte abraço!

  • Maria Elisa
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    Excelente!! A virtude “tolerância” é para poucos. Só a educação nos leva a evoluir no comportamento tolerante

    • Nelson Rocha
      Responder

      É verdade, Maria Elisa. A tolerância é uma virtude para poucos, infelizmente. Poderia ser para todos.

      Beijos

  • Deolinda
    Responder

    A educação é a única forma de resgatar o respeito às diferenças. Quando nossas escolas forem prioridade e todos adquirirem a mesma possibilidade de crescimento, teremos jovens críticos e com argumentos. Por enquanto as escolhas ocorrem na imbecilidade produzida pela mídia comprada ou pelo modismo da idiotice.

    • Nelson Rocha
      Responder

      Realmente Deolinda, quando a educação for prioridade, poderemos formar jovens mais críticos e ao mesmo tempo mais tolerantes com as diferenças.

      Beijos

  • lenir
    Responder

    Não diz nada, Pq aqui no Brasil direitos humanos só funciona pra esquerda e pra bandidos. Bom exemplo é justamente a Mariellé, no mesmo dia foi executada uma médica, fizeram alguma coisa no caso da médica? Outra coisa só falaram na vereadora, no motorista, não. Começaram a falar depois de protestos, incluniversidades a mídia.

    • Nelson Rocha
      Responder

      Lenir,

      Os Direitos Humanos são para todos, independentemente de ideologias, esquerda, direita. São direitos consagrados universalmente, em nossa constituição e na legislação infraconstitucional.

      O fato do caso Marielle Franco ter ganhado espaço na mídia não tira os direitos e a importância dos demais casos. Nas redes sociais, no dia seguinte da morte de Marielle, apareceu a foto de duas policiais negras que haviam sido mortas e mesmo sem saber o nome delas, a postagem viralizou dizendo-se que eram dois pesos e duas medidas. Ninguém sabia o nome delas, mas Marielle sabia porque a história delas fez parte da tese de mestrado dela na UFF.

      Assim deve ser quem defende os direitos humanos, não há cor, não há gênero, não há ideologia, não há classe social. O que existe são seres humanos que precisam ter as suas garantias individuais preservadas, muitas vezes contra a mão do Estado, que com o poder acaba cometendo erros e precisam ser corrigidos.

      Mesmo os que já foram condenados, também precisam ter garantido o mínimo de dignidade humana, está previsto em nossa legislação, pois se não fosse assim, estaríamos voltando à época do olho por olho, dente por dente. A humanidade evoluiu para que tenhamos mais tolerância uns com os outros e compreendermos as diferenças como parte da própria existência humana.

      Obrigado por colocar a sua opinião

  • Mario
    Responder

    Olha, é uma reflexão mais do que correta. Gostaria muito que, até amigos que tenham, compreendessem este pensamento. Só assim seremos melhores.
    Importante compartilhar, é o que farei.
    Agora a pouco, postei uma música e instiguei os amigos a refletir.
    “Eu só quero é ser feliz “

    • Nelson Rocha
      Responder

      Obrigado, Mario, pelo comentário.

      As pessoas precisam ser mais tolerantes no que diz respeito aos direitos humanos e acabarmos de vez com o ódio e a briga entre diferentes posições ideológicas.

      Forte Abraço

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