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Aprendi na vida que sempre devemos planejar o futuro, ainda que o futuro seja incerto pela própria lógica da vida. Aprendi também que ficar focado no passado é uma perda de tempo, mas não devemos deixar de aprender com o que passou para olharmos para frente com o objetivo de melhorar. Os erros servem para isso, para o aprendizado. Por isso, chegado o fim do ano, quando fazemos planos para o período que se iniciará, a experiência e sabedoria exigem de nós um pouco de retrospectiva para evitarmos ou, ao menos, tentarmos prevenir para que certos acontecimentos não se repitam.

O ano de 2017 está chegando ao fim, não foi fácil, especialmente em se tratando de política e economia. Aprendemos muito o que não deve ser feito, como não deve atuar a Câmara de Deputados para salvar um presidente do impeachment depois de gravações escandalosas; como não deve atuar o Executivo, trocando votos por emendas parlamentares para tal fim. Descobrimos como se guardavam R$ 51 milhões em espécie encontrados num apartamento em Salvador. Montante impregnado de digitais com nomes e sobrenomes diversos.

Na economia, o desavisado ministro da Fazenda, ex-presidente do conselho de administração da J&F, só se deu conta do erro conceitual de política econômica – ainda que o André Lara Resende tenha tentado alertá-lo através de um artigo de grande repercussão – quando a economia já estava em frangalhos. Jogou o país numa recessão histórica ao manter uma política monetária inconsequente e incoerente com a recessão que se instalara.

E o Estado do Rio de Janeiro? Esse foi um capítulo à parte, pois se o Brasil não foi bem em 2017, o Rio esteve ainda pior. Três ex-governadores presos: Sergio Cabral, Anthony Garotinho e Rosinha Garotinho (embora os dois últimos estejam livres agora). A cúpula da Assembleia Legislativa do Estado também. A situação econômica calamitosa, contaminada pelas finanças públicas do Estado e dos municípios, deixou servidores públicos em situação de completa penúria pela falta de pagamento de salários e aposentadorias. O comércio fechando as portas, o desemprego tomando a dianteira do país.

Para piorar, a violência cresceu com a crise econômica, principalmente na capital carioca, ao ponto de termos a Rocinha sitiada. A inépcia dos poderes constituídos que deveriam garantir o ir e vir dos cidadãos não parece ter fim, mesmo com a entrada em cena dos militares na comunidade.

Mas a vergonha não parou aí, a paixão nacional, o futebol e os esportes olímpicos também deram sua contribuição para os desacertos morais, já que a cúpula da CBF está denunciada em âmbito internacional, tendo um de seus ex-presidentes condenado nos EUA, enquanto o atual não pode acompanhar a seleção sob pena de ser preso no exterior. E o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), que comandou os Jogos Olímpicos no Brasil, também foi preso.

No cenário internacional, só para destacar dois pontos, tivemos o primeiro ano do (des)governo de Donald Trump (penso que teria sido bem melhor eleger o outro Donald, o Pato) e o acirramento das divergências entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte, aumentando a preocupação com uma eventual guerra nuclear, aí já pensando em 2018.

Para o próximo ano, existe a perspectiva concreta de que a economia nacional comece a dar sinais de crescimento, muito pelo desempenho do agronegócio, que sustentou o pequeno crescimento que teremos em 2017, mas com poucas consequências nos grandes centros urbanos, em especial o estado do Rio, que só deve apresentar alguma melhora efetiva em sua economia a partir de 2019.

Se 2017 foi um ano com incontáveis exemplos de violência no Brasil, principalmente na capital do Rio de Janeiro, não nos esqueçamos que o seu recrudescimento está por toda parte, como vimos em Londres, EUA, Espanha. O mundo está mais violento, infelizmente! E não percebo mudanças neste aspecto. Tanto que a disputa pelo território da Cisjordânia por Israel e pelo Estado da Palestina vem se agravando, com a ajuda de Donald Trump, que reconheceu Jerusalém como capital de Israel formalmente. Além da questão nuclear entre a Coreia do Norte e os EUA.

Como 2018 é ano de eleições para Presidência da República, para governos estaduais, para parlamentares federais e estaduais, nunca é demais repetir que não adianta virar as costas para a política ou fazer campanha para voto nulo ou branco. Temos que participar, temos que prestar atenção aos candidatos, buscar informações sobre eles de fontes diferentes para formarmos uma opinião sustentada que posicione o voto da melhor forma que convier a cada um.

Vale destacar que as redes sociais não são necessariamente uma boa fonte de informação. A tecnologia permite a criação de perfis, por meio de robôs, que vão inundar as redes com informações tendenciosas (e falsas) com o objetivo de construir ou destruir um candidato. Portanto, toda a atenção é pouca na hora de se informar. Dê preferência aos sites de notícias, mas não se contente com os principais ou os que possuem posição semelhante. Procure opiniões divergentes para construir a sua própria.

Vamos ter que participar muito em 2018 e quem sabe chegaremos ao final do próximo ano mais satisfeitos do que em 2017 e felizes com os resultados da seleção brasileira de futebol. Afinal, 2018 é ano de Copa do Mundo e somos brasileiros!

Feliz Ano Novo a todos!

Showing 14 comments
  • Deolinda
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    É um ano decisivo para nós brasileiros. A busca por culpados não nos inocentou de nossas omissões. Sentimos a vergonha da hipocrisia presente em todas as áreas de trabalho e de nossa inércia diante de tantas injustiças.
    Temos que estudar cada perfil até a eleição, para podermos cobrar de cada eleito, o compromisso firmado com o povo.

    • Nelson Rocha
      Responder

      Deolinda

      Exatamente isso, temos que analisar para votar e depois cobrar o compromisso com seus eleitores.

      Beijos

  • Luís Fernando
    Responder

    Muito boa retrospectiva. A sociedade necessita participar mais ativamente da política. O debate democrático de bons representantes e cidadãos é que contribui para melhor qualidade de vida de todos. Infelizmente grade parte dos brasileiros de bem, se afastaram da política, a qual é ocupada hoje, por grupos que só visam interesses próprios, em troca do enriquecimento a qualquer custo.

    O sinal de mudança foi lançado. No exemplo citado, no texto, os três governantes presos, demonstram isto. Além de Paulo Maluf, reclusão tardia, mas emblemática.

    Renovemos as lideranças políticas em 2018, sem revoltas, com coragem e sabedoria.

    Feliz 2018 Nelson Rocha!

    • Nelson Rocha
      Responder

      Obrigado, Luis Fernando

      Bem lembrado sobre a prisão do Maluf. Que 2018 seja um ano de reflexão e escolhas acertadas.

      Forte Abraço

  • Neide Luz
    Responder

    Como sempre visando com que melhoremos nossos conhecimentos,afinal somos brasileiros e precisamos estar a par da situação que á cada momento muda como uma bula de remédio.
    Parabéns pelas informações.

    • Nelson Rocha
      Responder

      Obrigado, Neide !!!

      A informação é fundamental para construirmos a nossa própria opinião. Conhecer não apenas o que está massificado nas grandes mídias, mas estar atento, com o ouvido acurado para outras opiniões também.

      Forte Abraço

  • Maria Elisa
    Responder

    Esse olhar para trás do que se passou em 2017 chega a dar “gastura”, porém é necessario. Que 2018 seja um ano de maior consciência e de muito trabalho para o nosso povo!! Tudo de bom para você!

    • Nelson Rocha
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      É verdade, Maria Elisa.

      Mas aprendemos também com os desacertos, para não chamar de outra coisa. Que sirvam para que não os cometamos de novo e que 2018 seja um ano de acertos.

      Beijos

  • Maria Emma Angelucci
    Responder

    Adorei. Falou tudo o que eu falaria. Realmente foi um ano muito difícil.
    Espero muito do ano de 2018. Não quero me decepcionar com políticos como me decepcionei em 2017.
    Feliz ano novo! Que venha próspero e honesto.

    • Nelson Rocha
      Responder

      Que bom que você gostou, Emma.

      Espero da mesma forma que 2018 seja de consciência e boas escolhas.

      Beijos

  • Paulo Machado
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    Muito boa síntese Nelson. Parabéns . Feliz ano novo !!!!!!

  • Marcos Diaz
    Responder

    Muito bom, análise coerente e que narra os acontecimentos e perspectivas futuras com olhar frio e concreto. Parabéns

    • Nelson Rocha
      Responder

      Obrigado, Marcos !!!

      Que 2018 seja de um ano de escolhas acertadas.

      Forte Abraço

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