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Seria muito melhor escrever sobre temas agradáveis, mas os acontecimentos diários que ganham espaço nos noticiários exigem uma reflexão sobre eles. É fato que já sabemos há muito tempo que os corruptos do nosso país não sentem vergonha. Não têm pudor em roubar o que é do povo, em surrupiar recursos que poderiam estar sendo empregados na saúde e educação dos brasileiros. Vergonha não faz parte do vocabulário desses criminosos.

Mas existe outra palavra que também parece não fazer parte do léxico dos corruptos locais: medo. Nem mesmo o fato de já haver vários deles presos, com provas cabais, com prognósticos de condenação, com a Operação Lava Jato seguindo seu rumo e aumentando seu número de fases, nada disso amedronta essas pessoas que só pensam no próprio umbigo e roubam mais do que dinheiro, roubam a esperança, pois continuam cometendo suas práticas sem temor.

Os R$ 51 milhões de reais encontrados em apartamento usado – segundo divulgado pela imprensa – por Geddel Vieira Lima, ex-ministro do governo Temer, e seu consequente retorno ao presídio, nos deixam estarrecidos com o menosprezo pela Justiça, pelas investigações, pelas prisões, pela Polícia Federal, pelo Ministério Público. Nada parece abalar a veia criminosa dos corruptos brasileiros, pois eles continuam cometendo crimes, mesmo estando em prisão domiciliar, na certeza da impunidade.

O que isso quer dizer sobre a sociedade brasileira? Que a corrupção é endêmica? Se enraizou de tal forma que parece a figura mitológica da Hidra de Lerna, pois cortamos uma cabeça e surgem duas? Nossa sociedade está moralmente contaminada pelos atos dos corruptos?

Muitas pessoas expressam sua descrença, achando que o país jamais mudará. Talvez tenham razão se acharmos que é o país que precisa mudar. Na verdade, a mudança tem que partir de cada cidadão. Precisamos nos tornar intolerantes com a corrupção, desde a que vende embalagem de 2 kg com 1,9 kg de peso, ou o cafezinho para o guarda de trânsito, até as malas de dinheiro. Acabar de vez com a tradição do “jeitinho” brasileiro. A correção de comportamento, a moral e a ética têm que partir de cada indivíduo e isso deve ser ensinado às crianças. Claro que precisamos também que as autoridades façam a sua parte, precisamos que a impunidade acabe, mas temos que agir de acordo e cobrar sempre para que as coisas caminhem como se deve, com respeito às leis: culpados punidos e inocentes livres.

Se tem alguém que pode mudar o rumo das coisas no Brasil, somos nós. Reclamar, criticar, perder as esperanças não vão fazer com que avancemos e passemos a ter um perfil moral diferente, onde bandidos temem a polícia, pois sabem que ela atua com rigor e a justiça cumpre o seu papel de estabelecer as punições próprias para cada caso. Não depende do outro, do vizinho, somente das autoridades, não, depende de cada brasileiro que quer ver este país avançar, se desenvolver, ser mais justo e prosperar pelo bem do seu povo.

Showing 8 comments
  • Maria Emma Angelucci.
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    É mas um dia o povo vai saber votar. Tudo o que está acontecendo vai valer como aprendizado e as coisas vão mudar. Tudo um dia cansa. E todos vão saber escolher os melhores.
    O povo sofreu muitas decepções.
    É muito triste tudo o que está acontecendo.
    Mas o povo brasileiro não desiste nunca.
    VAI MELHORAR.Assim espero para que no futuro minhas filhas e meus netos possam ser felizes.

    • Nelson Rocha
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      Emma,
      Que o debate sobre o que está ocorrendo possa proporcionar a reflexão e a mudança de comportamento das pessoas para transformarmos de verdade o Brasil.

      Obrigado por participar.

  • René Dutra
    Responder

    Achei ótimo e oportuno. Só faltou acrescentar que o Gedel além de ministro de Temer, o foi também de Lula e Dilma. Três governantes corruptos e/ou participantes de corrupção.

    • Nelson Rocha
      Responder

      René,
      De fato, o Geddel foi ministro do governo Lula e vice-presidente da CEF no governo Dilma. Não importa o governo, todos estão envolvidos, o modelo de política no Brasil está falido.

      Forte Abraço

  • Maria Elisa
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    Certíssimo!! Cada um fazendo a sua parte, trabalhando mais e reclamando menos!!

    • Nelson Rocha
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      É isso Maria Elisa. Vamos fazer a nossa parte para poder transformar.

  • Wellington Luz
    Responder

    Muito bom poder discutir o Brasil sem extremismos. O momento atual está propício a que façamos um profundo exame de consciência. A indignação deve ser profunda e a mudança de atitudes também.

    • Nelson Rocha
      Responder

      Ainda bem que ainda temos a capacidade de nos indignarmos com o que estão fazendo.

      Valeu. Wellington

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