Jornal do CRC, Mídia, Resumo Gestão CRC, Resumo Gestão CRC - 2002

1ª PARTE

Com um recorde absoluto de público, a 51a Convenção dos Contabilistas do Estado do Rio de Janeiro foi considerada um sucesso, com direito a transporte gratuito, passeio de trem, jantar, shows e sorteio de prêmios, sem contar com a alta qualidade das palestras exibidas ao longo do evento.

Durante os dias 22, 23 e 24 de agosto de 2002, o Conselho Regional de Contabilidade do Rio de Janeiro (CRC-RJ), patrocinado pelo CDC Caixa da Caixa Econômica Federal e com o apoio das empresas OI! – Telefonia Celular e Caçula Papelaria, organizou, em parceria com o Sindicato dos Contabilistas de Campos-RJ (Sincca), a 51a Convenção dos Contabilistas do Estado do Rio de Janeiro, realizada no SESC Mineiro de Grussaí, em São João da Barra, que teve como tema “Transparência + Controle = Contabilidade Responsável” e contou com a participação de 1.255 inscritos.

Dia 22 de agosto de 2002: Sessão Solene de Abertura

A Sessão Solene de Abertura iniciou-se após a composição da mesa por Nelson Monteiro da Rocha (Presidente do CRC-RJ); Amaro Fidélis (Presidente do Sincca); Sérgio Faraco (Vice-Presidente de Administração e Finanças do CFC); Pedro Ernesto Fabri (Presidente do CRC-SP); José Américo Borguinhão (Presidente do CRC-ES); João Altair Caetano dos Santos (Vice-Presidente de Registro do CRC-RO); Pedro Celso Pereira (Presidente da Federação dos Contabilistas do RJ-ES-BA); e Julio Cézar Costa (representante da Caixa Econômica Federal).

Pedro Celso Pereira, em nome da Federação dos Contabilistas, destacou que no dia 17 de julho de 2002, os prefeitos das demais cidades do país receberam o Certificado de Gestão Responsável da Lei de Responsabilidade Fiscal. “Nós, contabilistas, somos os responsáveis pelo êxito desta realização. No Espírito Santo, estamos adotando os Técnicos de Contabilidade nas faculdades, para torná-los mais competitivos no mercado de trabalho”, disse.

Julio Cézar Costa também reafirmou o apoio da Caixa aos contabilistas. “Ficamos gratos e honrados de estarmos de braços dados com a Classe Contábil, e, em especial, com o CRC-RJ”, afirmou.

Seguindo a solenidade, Pedro Ernesto Fabri disse que eventos como a 51a Convenção são algumas das formas que fazem o contabilista ocupar o espaço que merece. “Destaco a importância de Nelson Monteiro da Rocha, atualmente como Secretário de Fazenda do Rio de Janeiro, o que demonstra a preocupação do governo em ser apoiado por um contador, além de que o número dessa convenção é uma boa idéia”, falou em alusão ao número 51.

Já Sérgio Faraco, vice-presidente de Administração e Finanças do CFC, que representou o presidente da entidade, Alcedino Gomes Barbosa, destacou o momento oportuno aos contabilistas, além do Exame de Suficiência. “Estamos passando por um momento ímpar na nossa profissão, onde ela vem se elevando cada vez mais. Podemos perceber isso na mídia, através do Balanço Social e da LRF. Destaco ainda a campanha de doação de sangue, realizada no semestre passado, além do aumento de participantes em relação à convenção passada, o que demonstra a preocupação dos contabilistas do Rio de Janeiro com este evento”, enfatizou.

Em seguida, Amaro Fidélis, destacou a importância das palestras e pediu a todos que não poupassem perguntas, pois a informação faz parte do crescimento do profissional. Além disso, agradeceu a confiança no trabalho do Sincca, em parceria com a WTC, para a realização do evento. “São 37 anos de casamento feliz entre o Sincca e a Contabilidade. O sucesso de um amigo ou parceiro é o meu sucesso”, afirmou.

Para encerrar, o presidente da mesa, Nelson Monteiro da Rocha, mostrou-se muito satisfeito com o grande número de participantes nesta convenção e destacou a importância do tema escolhido, pois, cada vez mais, a sociedade exige transparência. “Desde o primeiro dia em que assumi o cargo na presidência do CRC-RJ, falei que esta convenção seria marcante, com casa cheia e um tema oportuno, transparência, que faz a LRF ser um sucesso. Com déficits, ao longo das décadas, viu-se necessária sua criação, a qual acho que já deveria ser uma obrigação de toda administração pública. Além da LRF, que vem contribuindo para a transparência nos gastos públicos, a Lei das S.A. também vem ajudando, em relação às empresas particulares. Temos que separar o joio do trigo. Precisamos de um mercado de capitais ampliado e, para isso, é necessário sermos transparentes. A Convenção, que ocorre a cada dois anos, é um momento para fazermos uma reflexão sobre o que queremos da nossa profissão. Nós podemos evoluir através da exigência da sociedade com a transparência”, falou.

O presidente do CRC-RJ ainda agradeceu à classe, em nome da Governadora do Rio de Janeiro, Benedita da Silva, que sabe da importância da Contabilidade, tendo, portanto, o escolhido para ser Secretário de Fazenda do Estado. Também pediu a todos que mantenham uma relação contínua com o CRC-RJ, participando de plenárias e de outras atividades. “Temos que ter poder de decisão, de força, pois representamos 43.000 profissionais e precisamos estar unidos. Essa Convenção foi feita para vocês”, falou, encerrando a Sessão Solene de Abertura.

2ª PARTE

Dia 23 de agosto de 2002: Lei de Responsabilidade Fiscal Reflexos na Administração Pública.

A primeira palestra do evento abordou a “Lei de Responsabilidade Fiscal – Reflexos na Administração Pública”, ministrada por Maria da Conceição Marques (Universidade de Coimbra) e Lino Martins da Silva (Controlador Geral do Município do RJ), tendo como debatedora, Maria Verônica de Souza Madureira (Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro), que também ajudou aos apresentadores a mostrar os reflexos sob o aspecto do controle das contas públicas, a partir da LRF.
Lino Martins falou sobre os princípios, transparência e controle; planos, programas e orçamentos; abrangência da política fiscal; despesa; programação financeira; receita pública; principais críticas.

Outra questão apontada por Lino estava relacionada à informação da Lei de Responsabilidade Fiscal. Para ele, a LRF informa o que fazer, mas não diz como se deve fazer. “A LRF diz regras, onde quem não as cumpre é punido, mas não explica como se deve proceder, além de que se os sistemas de custos forem para valer, os controles com os gastos da saúde e da educação terão que mudar, pois a Lei cria geração pelos sistemas de custos”, disse.
Em seguida, Maria da Conceição Marques falou sobre a reforma administrativa e financeira, mostrando um quadro em que o aparelho de Estado é demasiado pesado, além de citar as reformas de Margareth Tatcher, na Inglaterra, e reformas em Portugal.

Maria Verônica de Souza Madureira destacou o crescimento de mercados para os contabilistas e destacou os relatórios apresentados ao Tribunal de Contas (relatório resumo da execução orçamentária de 2001). “Percebemos que os municípios do Rio de Janeiro estão atendendo às exigências da Lei”, afirmou.
A representante do TCE-RJ ainda falou sobre o Certificado de Gestão Fiscal concedido pelo CFC, destacando a cidade de Petrópolis por ter sido o único município do Rio de Janeiro a recebê-lo, mas pediu o esforço de todos para que nos próximos anos aumente o número de municípios premiados.

Homenagem:

Após a palestra, o Secretário de Fazenda de Petrópolis, Paulo Roberto Patuléia, foi homenageado, representando o prefeito da cidade serrana. “Foi um trabalho de união da classe com o prefeito. Agradeço a postura do CFC e do CRC-RJ que incentivam cada vez mais a valorização da nossa profissão”, disse.

Cooperativa de Crédito Mútuo para Contabilistas
Outro tema falado após a palestra inicial, foi o projeto da Cooperativa de Crédito Mútuo para Contabilistas, criado por Luís Carlos de Oliveira e Carlos Alberto Nascimento, que já conta com 38 associados e foi constituído para beneficiar ainda mais a Classe Contábil.
Em seguida, houve a apresentação de painéis divididos em três etapas: “Área Pública – Lei 8.666/1993 e legislação complementar – Críticas e propostas de mudança”; “Auditoria – Conflitos de Interesses x Sigilo Profissional”; “Escritórios – Honorários Profissionais x Qualidade de Serviços”.

1) “Área Pública – Lei 8.666/1993 e legislação complementar – Críticas e propostas de mudança” Os palestrantes Paulo César de Castro e Márcio dos Santos Barros, da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e do Tribunal de Contas do Estado, respectivamente, apresentaram as principais características da legislação de licitações de bens e serviços na área pública, onde o vice-presidente do CRC-RJ, Cezar Stagi, foi o moderador. Paulo de Castro falou das limitações existentes na Lei 8.666/93, apresentou as mudanças que estão sendo propostas, suas vantagens e benefícios, além de detalhar a questão dos leilões e de como fazer os lances.

Márcio Barros fez críticas genéricas ao projeto de mudança da lei, destacando que a pretensão inicial era de que a lei abrangesse todas as formas de contratações da administração pública e esgotasse o tema, fechando quaisquer brechas para a corrupção, mas que a lei não possuía a sofisticação técnica requerida para atingir a pretensão inicial. Para Márcio Barros não basta publicar balanços e números, tem que se explicar para a sociedade o que eles significam.

2) “Auditoria – Conflitos de Interesses x Sigilo Profissional”Convidados para debater este tema, os palestrantes Julio Sérgio Cardozo (Presidente da Ernest & Young Auditores Independentes) e Luiz Sallé Karam (Sócio da Boucinhas & Campos Auditores Independentes) apresentaram a atuação do Auditor Independente, suas responsabilidades, a necessidade primordial da preservação da independência frente às situações identificadas durante o trabalho.

Julio Sérgio Cardozo falou da história da auditoria, que se iniciou no século XVIII, numa época em que a Inglaterra estava em crise, além de destacar o caráter, a percepção, proficiência técnica e profissional como características básicas para ser um auditor. “Vivemos numa grave crise ética, onde acontecimentos como a pedofilia na Igreja Católica, o INSS, o juiz Lalau, a questão de Rubinho Barrichello respeitar Schumaker na F1, fazem parte de nosso cotidiano”, disse.

Outra questão debatida na palestra de Julio Cardozo estava relacionada às crises de 29 e as recentes crises de 2001/2002, que, diferente da primeira, passaram a responsabilizar os auditores. “Imagens individuais não podem prejudicar uma classe inteira. Dedico a maior parte do meu tempo aos jornalistas, mostrando que precisamos mudar nossa Contabilidade, mostrando o custo histórico x valor de realização (valor presente). A Lei The Sarbanes-Oxley, implantada no dia 30 de julho de 2002 vai mudar o cenário da auditoria no mundo”, falou.

Em seguida, Luiz Sallé Karam complementou a palestra de Julio Cardozo, enfatizando a questão do sigilo profissional, que deve ser respeitado pelos auditores, e citando o Código de Ética e as Resoluções 820 e 821, que estabeleceram as normas a serem cumpridas pelos auditores e auditores independentes.
Karam também falou dos conflitos de interesses, onde as normas da profissão são adequadas, mas há problemas na sua efetiva observância. “Temos a questão da CVM e do Banco Central que adicionaram normas às já estabelecidas pelo Federal. Não basta o auditor ser independente. Ele tem que parecer independente”, analisou.

Além dos conflitos, Karam citou as fraudes, que são perpetradas e o auditor é acusado de conivência ou até de “arquiteto” dessa fraude. “O auditor, sendo independente e identificando as fraudes, tem obrigação de dizer o que acontece. Já aconteceu do auditor acabar desagradando o cliente e tendo que abrir a boca. Talvez essas discussões que estamos tendo aqui devessem ser estendidas aos acionistas, investidores, até mesmo à sociedade, pois tem gente que pensa que auditoria é ação militar. Temos que defender nossa profissão”, afirmou.

O ex-presidente do CRC-RJ, Hugo Rocha Braga, moderador da palestra, destacou a situação dos Estados Unidos, pois segundo ele, estas falências ocorridas no exterior estão mostrando à sociedade a necessidade da importância de um contador/auditor, mas para se destacar, precisa-se melhorar a linguagem adotada. “Não adianta usarmos dez páginas de jornais explicando balanços das empresas, pois quase ninguém lê, ou simplesmente, não entende. Este é um momento para nos reciclarmos e nos unirmos para enfrentar os novos desafios”, disse.

3) “Escritórios – Honorários Profissionais x Qualidade de Serviços”“Você troca de cardiologista porque ele aumentou o valor da consulta?”. Com essa pergunta o palestrante Manoel Domingues e Pinho começou a sua explanação sobre “Escritórios — Honorários Profissionais X Qualidade de Serviço”. Participaram também do evento o vice-presidente de Registro do CRC-RJ, Carlos de La Rocque, e a vice-presidente de Fiscalização do CRC-RJ, Vitória Maria da Silva, como mediadora. Domingues acredita que os escritórios de contabilidade necessitam, em primeiro lugar, definir um mercado de atuação para poderem crescer. “Focar em um nicho de clientes é essencial para se especializar e ter o feeling para calcular os honorários. No meu escritório utilizo a prática de cobrar por hora. O tempo que gasto com o cliente é multiplicado por R$ 75”, explica.

Segundo Domingos, os contabilistas precisam ter ciência da profissão e não se sujeitar a qualquer preço. “Muitos colegas estão cobrando por mês o que uma faxineira ganha por dia. Isso é inadmissível”. Compartilhando da mesma opinião, Carlos de La Rocque explicou que a classe deve acabar com a política de “fingir que trabalha porque o cliente finge que paga”.
Para quem ficou reticencioso com as explanações, Domingues apresentou uma pesquisa que mostra que somente 15% dos clientes deixam os escritórios de contabilidade pelo preço. Em contrapartida, 69% trocam de escritório pela precária qualidade do atendimento prestado.

 

3ª PARTE

Projeto Mulher Contabilista e Trabalhos

A palestra que explicava o Projeto da Mulher Contabilista foi ministrada por Sandra Hoffman, tendo ainda participado da mesa a vice-presidente de Fiscalização do CRC-RJ, Vitória Maria da Silva, e o vice-presidente de Registro do CRC-RJ, Carlos de La Rocque.
Sandra Hoffman relembrou os dois encontros da mulher contabilista, reunindo os melhores momentos de ambos os encontros em vídeo, além de mostrar a comissão da participação da mulher contabilista, que tem como objetivo promover encontros com a mulher contabilista.

Após a apresentação do Projeto Mulher Contabilista, foram exibidos os trabalhos premiados, tendo como 1o colocado o tema “O Impacto da Contabilidade no Sistema de Gestão Fiscal”, de Maria  Elizabeth Pereira Kramer; 2o colocado o tema “Divulgação de Relatórios Gerenciais – Adicionando Valor aos Serviços das Empresas Contábeis”, de Mario César Cordeiro Pereira, Rosemerio Eufrásio Nascimento e Vladimir da Costa Silva; e 3o colocado, o tema “Qual será o Caminho para as Empresas de Auditoria?”, de Antonio Carlos Nunes.
A premiação entregue foi de R$ 2.000,00 para o 1o colocado, R$ 1.500,00 para o 2o colocado e R$ 1.000,00.

Dia 24 de agosto de 2002: Ética Profissional O Código de Ética e o Mercado

Dando continuidade às palestras, no dia 24 de agosto, foi apresentado o tema “Ética Profissional – O Código de Ética e o Mercado”, ministrado pelo professor Antônio Lopes de Sá, que mostrou questões relacionadas ao Código de Ética, debatendo-as juntos aos convencionais participantes.
O professor iniciou falando da história da contabilidade, pois segundo Lopes de Sá, os contadores sempre tiveram destaque nas sociedades as quais participaram. “No Egito antigo, o contador era um sacerdote, tendo até casos de merecimento de estátua. Mas hoje a situação mudou e o contador passou a perder seu prestígio. Muitos, quando iniciam na profissão, ficam indecisos, sem saber o que fazer. Embora tenhamos uma grande sede, temos que andar mais à frente e recuperar o tempo perdido”, afirmou.
Lopes de Sá também quis mostrar onde começa a verdadeira conquista do mercado, não só como fonte de dinheiro, mas também de prestígio. Segundo o acadêmico, a conquista de mercado se baseia em três setores: Qualidade; Preço; Motivação.

A partir dos três setores, o professor foi mostrando características importantes para o sucesso do contabilista, tais como a força interna, concentração, qualidade, amor e conhecimento. Na questão da força interna, Lopes de Sá diz que a luz da inteligência superior está dentro de cada um, bastando que todos se concentrem nela. Já para a concentração, o acadêmico afirma que esta tem que nos levar ao entusiasmo, que é a chave do sucesso. “Viver entusiasticamente é viver intensamente. Portanto, quem começa muitas coisas ao mesmo tempo, corre o risco de não realizar nenhuma delas ou de fazê-las imperfeitamente”, disse.

Antes de encerrar sua palestra, que teve o vice-presidente do CRC-RJ, Antonio Miguel Fernandes, como moderador, o acadêmico ainda simplificou a questão preço, motivação e o Código de Ética. “O Código de Ética é como um livro sagrado do comportamento e uma porta aberta para o mercado de trabalho”, disse, sendo ovacionado por todos os presentes.
Após a primeira palestra do dia, foram iniciadas as apresentações dos painéis divididos em três etapas:

1) “Código Civil – As alterações que entrarão em vigor a partir de Janeiro de 2003 – Reflexos para a profissão contábil” – O tema, apresentado pela professora de Direito da PUC e da FGV, Teresa Pantoja, e pelo presidente licenciado da Federação dos Contabilistas no Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia, Luiz Sérgio da Rosa Lopes, foi escolhido para mostrar as modificações no Código Civil aprovadas pelo Congresso Nacional em 2002, e os seus reflexos para a atividade contábil, os direitos e os deveres dos contabilistas, entre outros.

Teresa Pantoja iniciou sua palestra dizendo que o Código Civil é contraditório e tem impacto para todas as esferas. Em seguida, falou do Código Comercial, que precedeu o atual código. “O Código Comercial está revogado pelo Código Civil. O Código Comercial de 1850 determinava a necessidade de escrituração contábil. Ele era baseado nas ordenações portuguesas, escrituração dos livros mercantis”, disse.

Um dos pontos mais importantes da palestra de Teresa Pantoja estava relacionado às teorias contraditórias, como a questão dos atos de comércio versus a empresa, além do resultado da contradição nas leis, que segundo a professora, transforma-se numa aparente dispensa da obrigação da escrituração contábil para quem se enquadra no Simples e no lucro presumido. “Porém não tendo sido revogado o Decreto-lei 7.661/45 – Lei de Falências, e sendo a falência fraudulenta, prevê-se de 6 meses a 3 anos de detenção pela falta de escrituração contábil”, completou.

Teresa Pantoja também mostrou algumas das inovações do Código Civil, como a questão do pequeno empresário que no artigo 970 não é o micro-empresário da Lei 9841/99, mas sim o pequeno empresário do Decreto-Lei 486, de 3 de março de 1963, e inscrito no Registro de Empresas como pessoa natural. “As sociedades empresariais passarão a ter seus atos registrados nas Juntas Comerciais, independentemente de seu objetivo. Na Sociedade Limitada, foi criada a obrigatoriedade de se realizarem reuniões ou assembléias gerais. O artigo 50 autoriza o Judiciário a desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade, em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade”, acrescentou.

Em seguida, Luiz Sérgio da Rosa Lopes falou que o Código, editado em 1916, não se manteve estático, fazendo sucessivas modificações, como a recente reforma que está introduzindo o Novo Código, que entra em vigor em janeiro de 2003. “Ele não é um produto perfeito, acabado, e sim sujeito a modificações e à interpretação dos Tribunais”, completou.
“Estamos com uma grande responsabilidade nas mãos. Chegou a ocasião em que a nossa profissão passou a ter uma relevância toda especial”, enfatizou no encerramento de sua apresentação.

2) “Geral – A Reforma do Sistema Tributário Nacional – Modificações propostas e tendências” – Os consultores tributários Jamil Inácio Bruno e Joaquim Inácio Bruno e a tributarista Marta Arakaki expuseram as dificuldades que o país enfrenta com a falta da Reforma Tributária no país e da sua imperiosa necessidade para o futuro do Brasil. Marta Arakaki falou da importância da classe contábil, através do sistema CFC/CRCs, buscar uma aproximação com os políticos para influenciá-los para que a nova estrutura tributária passe pelo crivo dos profissionais que lidam diariamente com os impostos.

Os consultores apresentaram os instrumentos de proteção de bens utilizando ferramentas nacionais e internacionais, destacando a proteção de bens, que deve ser preventiva, detalhando cada passo deste processo.
Ao final das apresentações, o moderador e presidente do Ibracon, Mário Lopes, intermediou as várias questões apresentadas pelos convencionais e respondidas pelos palestrantes que defenderam a urgência na finalização de uma Reforma Tributária de peso, para que haja uma melhor distribuição de renda, com maior possibilidade de desenvolvimento das pequenas e médias empresas e maior transparência das finanças.

3) “Escritórios – O Futuro da Profissão Contábil – Debate Aberto” – O debate aberto sobre o futuro da profissão contábil reuniu o vice-presidente de Registro, Carlos de La Rocque, o representante do CFC, José Aparecido Maion, e o Representante do Sindicato dos Contabilistas de Campos, Celso Barbosa de Lima, como moderador. O consenso dos participantes foi a necessidade da mudança imediata da postura do profissional contábil, que hoje só exerce pela metade a sua profissão. A principal proposta apresentada foi a especialização da profissão com exames de proficiência, igual ao realizado pelos médicos que saem da faculdade e cursam a residência médica em um ramo da Medicina.

Segundo Maion, com os contabilistas seria semelhante. Eles fariam provas para auditor e contador público, por exemplo, e se tornariam especialistas nessas categorias. A idéia deixou algumas dúvidas, mas muitos participantes aprovaram. “É necessário que os CRCs puxem para si o projeto para conseguirmos implementar a especialização o mais rápido possível”, disse.
“É imprescindível que o profissional agregue valor ao cliente. Precisamos mudar de atitude, quebrar paradigmas e ter uma visão estratégica dos problemas das empresas. O contador, a partir de agora, deve ser um consultor de negócios”, afirmou.

Substituição Tributária e Certificado Empresa Cidadã (Balanço Social)

O tema Substituição Tributária, que vem sendo bastante comentado pela classe contábil, foi discutido a pedido dos convencionais.
Assim, o Presidente do CRC-RJ e Secretário de Fazenda do Estado do Rio de Janeiro, Nelson Monteiro da Rocha, abordou questões importantes e esclareceu as dúvidas dos presentes.
Uma das informações apontadas foi que a Substituição Tributária não aumenta o imposto, mas sim o antecipa. Nelson Monteiro da Rocha ainda acrescentou que, na home page da Secretaria de Fazenda (www.sef.rj.gov.br), existe uma área de perguntas e respostas sobre todas as dúvidas relacionadas à Substituição Tributária.

Em seguida os conselheiros do CRC-RJ, Jorge Ribeiro dos Passos Rosa, Guilherme Bottrel Pereira Tostes e Lygia Maria Vieira Sampaio falaram sobre o Certificado Empresa Cidadã, que será entregue a empresas que elaboram Balanço Social pelo CRC-RJ, em parceria com a Firjan e Fecomércio.“Conscientes das responsabilidades sociais que lhes cabem, as empresas passaram a reconhecer que não são entidades que se esgotam nelas mesmas, que foram implantadas para simplesmente gerar lucros. As companhias estão se comunicando melhor com a sociedade”, disse Jorge Ribeiro.

 

4ª PARTE

Marketing Profissional Imagem do Contabilista

Escolhida para encerrar o evento, a palestra “Marketing Profissional – Imagem do Contabilista”, apresentada pelos expositores Frederico de Azevedo Carvalho (Diretor do Curso de Marketing da UGF e vice-coordenador do programa de Mestrado em Contabilidade da UERJ) e Antonio de Souza Sobrinho (Professor da UGF), mostrou um conjunto de propostas para modificar ou aprimorar o quadro pesquisado.

Frederico Carvalho falou sobre as ameaças à imagem, tanto da contabilidade como instituição; da profissão, como das empresas prestadoras de serviços contábeis, e dos profissionais. “Estamos vivendo tempos difíceis, com escândalos, pressões, além da concorrência com outras classes profissionais e com clientes mais exigentes, que além de quererem saber se somos bons, querem se informar se somos honestos e responsáveis”, disse.

Após explicados os componentes da imagem, Frederico definiu as 5 sugestões para as diretrizes a serem seguidas: Confiabilidade do serviço (fazê-lo sem erro, desde a primeira vez); Presteza (disposição e prontidão para resolver problemas); Segurança (conhecimento do serviço, zelo pelo cliente e por seus bens); Empatia (dar atenção e tratamento individualizado ao cliente); e Tangíveis (instalações, o ambiente de trabalho, equipamentos).

Para encerrar, Frederico definiu o Marketing nos “7ps”: Produto (ou serviço); Preço; Ponto (local onde se atende o cliente); Promoção (propaganda, relações públicas, venda pessoal); Palpabilidades (ambiente físico, equipamentos, uniformes, outros tangíveis); Pessoas (funcionários, consumidores, outros clientes); e Processos.

Em seguida, Antonio de Souza Sobrinho falou sobre “O Papel do Marketing na Atividade Profissional do Contabilista: um estado empírico no Estado do Rio de Janeiro”, mostrando o objetivo de se realizar uma pesquisa, que fará um levantamento amplo sobre a percepção, as expectativas e as atitudes dos Contabilistas do Rio de Janeiro com o marketing e seus serviços.

Assim, expôs as justificativas para a realização da pesquisa, além de seus aspectos técnicos, onde não haverá respostas certas ou erradas, valendo a opinião sem que haja identificação por parte dos entrevistados. Os resultados serão divulgados de forma agregada.

Antonio Sobrinho ainda citou os benefícios do Marketing para o contabilista, tais como manter os clientes informados sobre os serviços recebidos; identificar, atrair e conquistar novos clientes; manter e desenvolver os clientes existentes; estabelecer e manter redes de contatos profissionais; orientar o planejamento das atividades e dos serviços; e alcançar e manter qualidade nos serviços.

Sessão Solene de Encerramento

Para compor a mesa de encerramento, foram chamados o presidente do CRC-RJ, Nelson Monteiro da Rocha; o vice-presidente do CRC-RJ, Antonio Miguel Fernandes; o coordenador da Convenção, José Ornis; o presidente do Sincca, Amaro Fidélis, o presidente do Sindicont-Rio, Onofre de Barros; o presidente da Unipec, Paulo Damião; a representante do Sescon-Rio, Neide Peres Ferreira, o vice-presidente de Registro do CRC-RO, João Altair Caetano dos Santos; o presidente do Sincon, Cláudio Vieira Santos, o presidente licenciado da Federação dos Contabilistas no Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia, Luiz Sérgio da Rosa Lopes; e o representante do Sescon Sul-Fluminense, Augusto Souza Teles.

O coordenador do evento, José Ornis agradeceu o apoio de todas as entidades presentes e aproveitou a ocasião para alertar sobre o momento em que a Classe vem passando. “Temos que acreditar num futuro promissor, pois ele virá”, afirmou.
Em seguida, Amaro Fidélis, que comemorava seu aniversário, disse estar grato por tudo ter dado certo e confirmado então o sucesso de mais uma convenção dos Contabilistas. “O sucesso deste evento foi o meu segundo melhor presente”, falou.
Para encerrar, o presidente do CRC-RJ, Nelson Monteiro da Rocha, agradeceu a presença de todas as entidades e dos presentes. “Em 1990, quando vim aqui neste mesmo local como estudante, comentei com os alunos de turma, que poderíamos fazer história. Hoje, na condição de presidente, ainda acho que vamos fazer história. Uma andorinha não faz verão, mas se cada um de nós for uma andorinha, tenho certeza de que faremos o maior verão de todos os tempos”, contou.

Terminadas as palavras do presidente, foram iniciados os sorteios de prêmios entre os inscritos e posteriormente todos foram participar do jantar de encerramento. Certamente, esta Convenção entrará para história, não só pelo sucesso de público, como também pela qualidade das palestras apresentadas, que souberam atender o que o tema deste evento propunha.

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