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Muito embora eu defenda sempre o respeito à Constituição, os atuais acontecimentos me fazem refletir até que ponto continuar seguindo o que determina a nossa lei maior.

Diz a nossa Carta Magna que, com o afastamento de presidente e vice-presidente, se ultrapassada metade do mandato, o procedimento é a realização de eleição indireta, através do Congresso Nacional, entretanto, não creio ser este o melhor caminho no presente momento.

Pensemos nos acontecimentos, nas ações e ingerências do poder político: seja indiretamente no julgamento do TSE; seja através do novo  Ministro da Justiça – que tem se mostrado  favorável ao controle sobre a Polícia Federal -; seja por conta da recente suspeita de espionagem contra o ministro Luiz Edson Fachin (relator da Lava Jato), que, como disse a presidente do STF, é “próprio das ditaduras”; ou mesmo pela determinação de utilização do exército no episódio de Brasília, ainda que tenham voltado atrás.

Todos esses fatos, sem qualquer casuísmo, me fazem repensar o que determina a Constituição, e que, diante desses recentes episódios, não seria benéfico para o país. Isso porque os que deveriam ser os representantes do povo não mais o representam, estão distantes dele, portanto, sem legitimidade. Todo poder emana do povo e em seu nome deve ser exercido.

Estamos vivendo um momento tão delicado como o da década de 60, por isso, em nome da democracia e da vontade popular, urge defendê-la. Assim como quando nos mobilizamos na década de 80. Eu, um jovem, estava lá na Avenida Presidente Vargas lutando pelas Diretas e para que o nosso direito legítimo de escolher quem deveria conduzir os destinos do país – e, por conseguinte, os nossos próprios destinos – fosse respeitado.

Ainda que estejamos desapontados com aqueles que deveriam estar nos representando – pois não o fazem adequadamente em sua ampla maioria, não devemos desistir ou jogar a toalha. A saída só existe através da política, claro, com pessoas sérias e comprometidas com os anseios do povo. A distância do povo em relação à política e com uma participação cada vez menos presente – em qualquer lugar, em qualquer país, não nos esqueçamos – acabam por eleger “Donalds Trumps”.

Que a crise política que tomou a cena do cotidiano brasileiro sirva de retomada do poder pelo povo através do voto direto.

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